INVESTIGAÇAO

STF nega pedido para tirar Weintraub do inquérito das fake news

Recurso, protocolado pelo ministro da Justiça, André Mendonça, foi rejeitado por nove dos dez ministros que votaram

Weintraub anuncia saída do Ministério da Educação

O Supremo Tribunal Federal (STF) negou pedido de habeas corpus impetrado em favor do ministro da Educação, Abraham Weintraub, no inquérito das fake news. O recurso, protocolado pelo ministro da Justiça, André Mendonça, foi rejeitado por nove dos dez ministros que votaram.

Em seu parecer, o relator do caso, Edson Fachin, defendeu que um habeas corpus não era o instrumento adequado para se questionar a atuação de um ministro. Ele afirmou que o STF tem “jurisprudência consolidada” nesse sentido. Seu voto foi acompanhado pelos ministros Cármen Lúcia, Rosa Weber, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Roberto Barroso, Ricardo Lewandowski e Luiz Fux.

Único a votar a favor do recurso, o ministro Marco Aurélio Mello disse que as únicas exigências necessárias para se protocolar um habeas corpus dizem respeito “à articulação da causa de pedir e à existência de órgão, acima daquele que praticou o ato, capaz de julgá-la”. O que, segundo ele, é observado no caso.

“Inegavelmente, há, acima de cada qual dos integrantes do Supremo, bem assim dos Órgãos fracionários, o próprio Plenário”, defendeu.

Já o ministro Alexandre de Moraes se declarou impedido para julgar o caso. Ele é relator do inquérito e determinou a investigação do ministro da Educação. O caso foi julgado no plenário virtual, no qual não há debate presencial, e os votos são registrados no sistema da Corte.

O pedido, protocolado por Mendonça em 27 de maio, solicitava a suspensão da decisão de Alexandre Moraes que determinou o depoimento de Weintraub à Polícia Federal. O ministro da Educação foi convocado a se explicar por ter afirmado durante a reunião ministerial de 22 de abril que deveriam se colocar “vagabundos na cadeia” e “começando pelo STF”.

A decisão contrária à Weintraub ocorre em um momento em que sua permanência no cargo de ministro está sendo debatida no governo. A ida de Weintraub a uma manifestação no domingo, em Brasília, num momento de relação tensionada entre Bolsonaro e o Judiciário, irritou o presidente Jair Bolsonaro.

Aliados de Bolsonaro buscam uma “saída honrosa” para o ministro, e afirmam que a melhor alternativa seria Weintraub deixar a pasta para evitar mais desgastes com o Supremo.

Entre as possibilidades discutidas há nomes que já estão na estrutura da pasta, como a secretária de Educação Básica do MEC, Ilona Beckskehazy, e o presidente da Capes, Benedito Aguiar. Além desses, o nome do ex-ministro Mendonça Filho foi ventilado como uma opção que agradaria ao Centrão. O educador Antônio Freitas, da FGV, também já foi aventado. E até mesmo o nome de Mozart Ramos, descartado em 2018 durante a transição por desagradar à ala ideológica, voltou a ser cogitado.