Rejeição

Temer mantém distância das campanhas

Manifestações "Fora Temer" e alto índice de rejeição pesaram na decisão de se afastar da corrida eleitoral

Principal liderança política do PMDB, o presidente Michel Temer preferiu manter distância das campanhas municipais este ano. Neste período eleitoral, não participou de comícios, não gravou vídeos de apoio a candidatos e o assunto, oficialmente, pouco foi tratado no Palácio do Planalto.

Além do discurso oficial de que Temer não se envolveu na corrida eleitoral para evitar rachas em sua base de apoio, pesou na decisão o movimento “Fora Temer”, que ganhou fôlego em algumas cidades após a conclusão do processo de impeachment, e o alto índice de rejeição ao peemedebista, que poderia acabar prejudicando o desempenho dos candidatos.

A “agenda negativa” de Temer foi apontada por integrantes da campanha de Marta Suplicy, que disputa a prefeitura de São Paulo pelo PMDB, como um dos motivos que a fez despencar nas pesquisas. Para eles, o governo foi o “pior inimigo”, pois trouxe à tona, dia após dia, pautas impopulares, como a reforma da Previdência.

Lembrança

O Planalto rechaça a versão de que o governo prejudicou a campanha de Marta ou de qualquer outro candidato de sua base. Auxiliares de Temer lembram que ele, inclusive, desistiu de enviar a reforma da Previdência ao Congresso em setembro para não prejudicar os candidatos da base aliada.

Segundo interlocutores, Temer não poderia se comportar como “presidente do PMDB” e negligenciar o governo. Eles também afirmam que a aprovação de medidas cruciais no Congresso, como a PEC do teto de gastos, é mais importante do que o desempenho no pleito eleitoral. Lembram ainda que ele aproveitou o primeiro mês como presidente para firmar o nome no cenário internacional – ele viajou à China e aos Estados Unidos – e tentar espantar qualquer mal-estar em relação ao processo de impeachment. A tendência é que Temer continue fora das campanhas também no 2.º turno, mesmo que candidatos do PMDB estejam na disputa.