‘To na posição’: mensagens apontam que militares tentaram prender Moraes
Troca de mensagens aconteceu no aplicativo Signal, utilizando linhas telefônicas registradas em nomes de terceiros e dentro de um grupo chamado "copa 2022"
A representação que resultou na prisão de quatro militares do Exército nesta terça-feira (19), por envolvimento com tentativas de golpe de Estado, mostra os investigados a postos para prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em uma operação marcada para acontecer no dia 15 de dezembro de 2022.
A troca de mensagens aconteceu no aplicativo Signal, utilizando linhas telefônicas registradas em nomes de terceiros e dentro de um grupo chamado “copa 2022”. Cada integrante do grupo recebeu um codinome associado a países (Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Japão e Gana). Só dois integrantes não alteraram seus nomes no aplicativo, permanecendo como ‘teixeirealafaiete230’ e ‘Diogo Bast’.
Naquele 15 de dezembro, pelo menos seis pessoas participavam da trama. Eles estavam organizados em pontos específicos de Brasília para realizar ações coordenadas.
Às 20h33 daquele dia, um dos membros do grupo enviou uma mensagem informando que estava no estacionamento de um restaurante localizado no Parque da Cidade, em Brasília. “Estacionamento da troca da primeira vez”, escreveu ele, fazendo uma referência ao local.
Outro integrante respondeu: “Tô na posição”. Na sequência, o primeiro questionou: “Ok. Qual a conduta?”. Um terceiro membro respondeu: “Aguarde”.
Às 20h57, um quarto integrante escreveu: “Tô perto da posição. Vai cancelar o jogo?”. A resposta veio cerca de dois minutos depois, de um quinto participante, identificado pela PF como uma das lideranças do grupo. Ele afirmou: “Abortar… Áustria… volta para local de desembarque… estamos aqui ainda…”.
A PF constatou que o contexto das mensagens trocadas indica que a ação desenvolvida tinha relação com a notícia do adiamento da votação no STF naquele dia. Em 15 de dezembro de 2022, os ministros encerraram as atividades no início da noite, adiando o julgamento para a semana seguinte.