NO ALVO DO MP

Tormin repassou R$ 580 mil para si mesmo um dia antes do fim do mandato, diz MP

Ministério Público solicitou bloqueio das contas de Cristóvão Tormin

Prefeito de Luziânia é investigado por repassar R$ 580 mil para a própria conta um dia antes do fim do seu mandato

O Ministério Público de Goiás (MP-GO), solicitou o bloqueio das contas do prefeito do município de Luziânia, Cristóvão Vaz Tormin (PSD), por repassar para ele mesmo R$ 580 mil dos cofres públicos a um dia do término do seu mandato. Além dele, o documento cita Edgar José Gomes, secretário municipal de Finanças; Wander de Freitas Machado, secretário municipal de Administração; e Antônio Carlos Bueno, da Controladoria Geral Interna.

A ação foi proposta depois que uma denúncia foi apresentada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego). De acordo com a entidade, o valor repassado era referente a diferença salarial entre os meses de julho de 2014 e julho de 2019. O repasse teria autorizado por um processo administrativo interno da prefeitura.

Ao pedir o bloqueio das contas do prefeito, o promotor responsável pelo caso, Jean Cléber Cassiano Zamperlini, afirmou que que o repasse causou estranheza. Ele ressaltou que, se o valor fosse dividido entre os meses em que foi alegada a diferença salarial, isso representaria um aumento de R$ 9 mil nos vencimentos dele.

“Além de se tratar de valor vultoso em si, ao se considerar que o subsídio do prefeito de Luziânia é estimado em R$ 26 mil, tem-se que o ato administrativo em comento representou um aumento de mais de um terço da sua remuneração” disse o promotor.

O MP-GO também solicitou a cópia integral dos processos administrativos que justificariam o pagamento da quantia. Por fim, encaminhou as cópias dos autos ao Tribunal de Contas dos Municípios para que sejam tomadas as devidas providências.

O Mais Goiás tentou contato com o prefeito, mas não conseguiu localizá-lo até o fechamento da matéria. O espaço está aberto para manifestação.

Problemas com a justiça

Cristóvão tem uma série de problemas com a justiça e não é a primeira vez que ele é alvo de investigações do MP-GO. Existem processos motivados por suspeitas de nepotismo, corrupção e pela contratação de 130 servidores temporários para a Educação sem que houvesse processo seletivo simplificado ou lei municipal que justificasse tal ato, o que levou as autoridades a crerem que são funcionários fantasmas. O mesmo teria ocorrido com a contratação de 221 garis.

O caso mais notório envolvendo o prefeito foram as denúncias de tentativa de estupro e estupro contra uma servidora pública, em 2012. Ele e chegou a ficar afastado do cargo por 180 dias em 2020, mas retornou após expiração do prazo judicial.

O MP-GO solicitou novamente o afastamento de Cristóvão. Na liminar, o órgão argumentou que a medida visa assegurar a instrução processual e impedir a continuação do ilícito. Além disso, o órgão interpõe ação de improbidade administrativa contra o prefeito. A necessidade de afastamento do gestor do cargo é fundamentada na apresentação do relato de ameaças e intimidações promovidas por ele e seus apoiadores contra a vítima.