Tretas internas corroem bolsonarismo por dentro
Damares x Oswaldo Eustáquio; Miranda x Flávio; Douglas Garcia x Eduardo Bolsonaro; base do presidente derrete com fogo amigo
A política é como salsicha: se você souber como é o processo de feitura, nem chega perto. Ambiente pra lá de tóxico. Só pessoas com estômago forte dão conta. Tretas internas em grupos políticos é coisa mais comum do que almoçar arroz e feijão. É cotovelada na costela, puxada de tapete, dedo no olho, beliscão na bunda e sorrisos falsos para fotos o dia inteiro. É do jogo. Mas no bolsonarismo a confusão parecer ser mais frenética.
Nos últimos dias tivemos alguns conflitos histriônicos dentro da base de apoio de Jair Bolsonaro. Semanas atrás, o deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia (PTB-SP) chamou Eduardo Bolsonaro de “mimado” e covarde. O parlamentar paulista se sentiu abandonado pelo filho 03 na defesa perante um caminhão de denúncias do Ministério Público e processos judiciais que responde.
O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) jogou a bomba da prevaricação no colo do presidente e Flávio Bolsonaro, com a sutileza de um viking bêbado invadindo Roma, partiu para cima do antigo aliado na CPI da Covid.
Agora é a vez da ministra Damares Alves se meter num entrevero com um antigo aliado. No caso, o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio. Como de hábito nessa rapaziada, os ataques de Eustáquio contra a pastora não respeitam a linha da cintura. Ele diz que Damares teria envolvimento com um pastor casado e teria jogado baixo contra Marco Feliciano na busca por espaços dentro do governo Bolsonaro, dentre outros comportamentos reprováveis.
Veja você que as brigas bolsonaristas são mais viscerais e violentas do que as que observamos em outros grupos políticos. Isso é explicado pelo próprio perfil de quem lidera esse arregimento. Bolsonaro nunca foi um cara da conciliação, do entendimento. Por que seus liderados seriam assim? O exemplo vem de cima, é o que dizem.
O problema é que Bolsonaro está sob ataque, encantoado e sem conseguir sair das cordas. Quando mais precisava de sua tropa unida para sua defesa, a base encontra-se dispersa em lutas intestinas. O bolsonarismo está morrendo por dentro.
@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Reprodução