“Tudo nesse momento é especulativo”, diz especialista político sobre pré-candidaturas
Segundo Marcos Marinho, políticos trabalham para ganhar a visibilidade, mas a maioria sabe que não vai disputar para valer
São cerca de 14 nomes que se colocam como pré-candidatos à prefeitura de Goiânia. O número pulverizado lembra até a eleição dos presidenciáveis de 2018, que contou com 13 ou, ainda, os incríveis 22 de 1989, época do primeiro pleito da redemocratização. Mas não se engane, “tudo nesse momento é especulativo”, é o que garante o professor e consultor de marketing político Marcos Marinho, que é mestre em comunicação e doutorando nessa área.
Segundo ele, por conta da inexistência da coligação proporcional, os partidos precisam chamar mais atenção para as suas chapas. “E a chapa majoritária é a que mais chama atenção. Então, esta é uma estratégia para aglutinar para suas chapas legislativas, porque elas precisam garantir cadeiras.”
Para Marinho, o partido que não conseguir, no mínimo, bater o quociente eleitoral estará fora. “E com isso, a chance de, em 2022, não ter capilaridade é grande.”
Ainda assim, o professor afirma que boa parte – dos pré-candidatos – faz “balão de ensaio”. Ele explica. “Aproveitam à época da pré-campanha para ganhar espaço na mídia”, expõe e continua: “Você diz que é pré e a mídia começa a prestar atenção. Aí reverbera o nome do partido e também chama a atenção para montar a chapa.”
Ele reforça que os políticos trabalham para ganhar a visibilidade, mas a maioria sabe que não vai disputar para valer. “Mas precisa se cacifar para negociar alguma relação com a chapa majoritária – que ainda tem coligação – que tem potencial de vitória.” Então, o especialista em marketing político acredita que na reta final enxugue, ficando entre cinco ou seis candidatos. “Três com algum potencial. 15 ou 14, como tem hoje, é por visibilidade. Para montar a chapa proporcional.”
Vantagem e desvantagem
Em uma eleição pulverizada, a vantagem, segundo Marinho, é para quem defende o mandato, pois dilui os votos dos oponentes. Ele aponta que informações sugerem que o mandatário, por pior que seja, costuma ter pelo menos 25% dos eleitores. Enquanto do outro lado, com amplo número de candidatos, não se forma uma oposição consolidada capaz de aglutinar votos.
O prefeito Iris Rezende (MDB) tem mantido o suspense sobre a reeleição. Chegou a dizer que precisava ter “desconfiômetro”. Mas a postulação ao paço, mais uma vez, não está descartada.
“O Iris está com a faca e o queijo. Mandato bem avaliado, dinheiro em caixa, obras… Se não tiver alguém com potencial de fazer frente será uma eleição tranquila, o que ajuda a chapa de vereadores do MDB”, analisa Marcos Marinho. “O ‘fator Iris‘ impacta muito, pois põe medo em muita gente.” Até de não apoiar outras possibilidades, diz o docente.
Porém, caso ele não saia, porta fica aberta. “Muda tudo. O Iris não tem outro nome no nível do Iris. Tem o Maguito [Vilela], mas é de Aparecida e está mais nos bastidores”, pondera. Ainda assim, ele avalia que o cacique emedebista possui pontos sensíveis. “Se alguém com nome consolidado souber atacar essas fragilidades com discurso terá chance.”
Coligação
Questionado sobre a primeira eleição sem as coligações proporcionais – para as chapas de vereadores – Marinho explica que até pessoas com mandato estão preocupadas e já o procuraram. Ele, claro, não citou os nomes.
Estão todos meio perdidos. “Se o partido escolhido for forte demais fica difícil. Mas se for fraco, também. A dinâmica é bastante complexa, por isso vai ser um aprendizado.” Assim, para o especialista, nesse pleito a estratégia partidária vai garantir 50% da eleição. “Então, é preciso montar uma boa chapa.”