UPA Buriti Sereno para 15 minutos contra suspensão do piso da enfermagem
"Colocamos a enfermagem nas ruas e recebemos apoio dos pacientes e pessoas presentes. Estamos de luto, graças ao ministro Barroso", afirmou uma técnica
Por causa da grande demanda – uma vez que se trata de unidade de urgência e emergência – enfermeiros e técnicos de enfermagem da UPA Buriti Sereno, em Aparecida, fizeram uma manifestação de 15 minutos contra a suspensão do piso salarial da categoria nesta tarde de segunda-feira (5). A informação é da técnica Polyana Vieira de Jesus, profissional do segmento há 11 anos. “Em dois dias, no próximo plantão, faremos outra, se não tiver um novo posicionamento.”
Ela diz que ganha R$ 1,5 mil e que, se não fosse pela suspensão realizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, passaria a receber R$ 3,2 mil. “Eu já contava com esse valor.” A lei aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Bolsonaro (PL) prevê, ainda, salário mínimo de R$ 4.750 para enfermeiros.
A decisão de Barroso vale até que sejam analisados dados detalhados dos estados, municípios, órgãos do governo federal, conselhos e entidades da área da saúde sobre o impacto financeiro para os atendimentos e os riscos de demissões diante da implementação do piso. O prazo para que essas informações sejam enviadas ao STF é de 60 dias.
“Colocamos a enfermagem nas ruas e recebemos apoio dos pacientes e pessoas presentes. Estamos de luto, graças ao ministro Barroso”, afirmou Polyana. Segundo ela, as análises e pesquisas já ocorreram durante a tramitação no Congresso. Assim, ela enfatiza que não há necessidade de nova verificação, conforme demanda o ministro. “Ele decidiu isso sozinho, no domingo.”
Ela, como a maioria na UPA, é contratada pela prefeitura. “Esse piso ajudaria muito na qualidade de vida dos profissionais. Muitos precisam trabalhar em vários empregos. Isso mudaria essa situação.”
Ato em Goiânia
Vale citar, nesta manhã, enfermeiros, técnicos de enfermagem fizeram uma manifestação em frente ao Hospital de Urgência Governador Otávio Lage (Hugol), em Goiânia, pela suspensão do piso. Ao Mais Goiás, a presidente do Sindicato dos Enfermeiros de Goiás (Sieg), Roberta Rios, disse que a categoria vai lutar contra a suspensão do piso.
“A aprovação do piso salarial se deu pela luta dos trabalhadores da enfermagem. Ontem fomos surpreendidos com uma liminar que suspendeu a lei, que é constitucional e um direito nosso. Essa é mais uma afronta contra aqueles que sempre estiveram na assistência. É uma afronta que vai de encontro com os interesses dos patrões”, criticou.
Ação que motivou a suspensão do piso salarial da enfermagem
A decisão de Barroso foi motivada por uma ação da Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços (CNSaúde). A entidade fala em riscos de demissões e redução na qualidade do serviço prestado por causa do impacto financeiro.
Já a Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), amicus curiae (parte) na ação ação da CNSaúde, elogiou a decisão do ministro pela suspensão. “A decisão do STF estanca em caráter emergencial uma sangria que iria tornar insustentável a manutenção dos serviços de diálise pelo País. O ministro (…) demonstra (…) indignação de como se pode promulgar uma lei sem definir fontes de financiamento e, ainda mais, não se pensar na sustentabilidade da saúde no País.”