BASTIDORES DA POLÍTICA

Vereador da base de Rogério Cruz se junta à oposição contra empréstimo de R$ 710 mi

Sargento Novandir foi o único vereador a se rebelar contra a base do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) e votar contra o empréstimo de R$ 710 mi

Único vereador da base do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) a votar contra o projeto de empréstimo de R$ 710 milhões junto ao Banco do Brasil, o sargento Novandir (Avante) se uniu a oposição contra a matéria. Além de ter votado contra o projeto na sessão desta quinta-feira (7), ele também foi um dos parlamentares que acionou a Justiça para tentar barrar a tramitação do processo na Câmara Municipal de Goiânia.

Ao Mais Goiás, o vereador criticou duramente o projeto e a forma como foi conduzido. “Não tinha como não entrar na Justiça contra um absurdo desse. A forma como a emenda foi apresentada foi totalmente antirregimental”, destacou. Apesar das tentativas contra a tramitação, a matéria foi aprovada na manhã desta quinta-feira (7) com apenas sete votos contrários. Novandir foi um deles.

Novandir também afirma não temer retaliação por parte do Paço Municipal com sua postura oposicionista. “Sou da base mas não me vendo”, destaca. Ele acredita que o empréstimo terá consequências a longo prazo para a população goianiense e faz críticas a gestão do prefeito Rogério Cruz. O parlamentar, inclusive, coloca dúvidas até se o chefe do executivo municipal irá mesmo às urnas. 

“Recorremos na Justiça para tentar barrar esse maior prejuízo que vai ser para o povo goianiense, não só agora, mas também para o próximo prefeito, daqui 4 anos, tendo em vista que o prefeito Rogério Cruz com certeza não vai ganhar as eleições. Eu acredito que ele nem vai participar do pleito”, destacou.

Mesmo com matéria judicializada, texto é aprovado

Em uma sessão plenária acalorada, com a galeria lotada, a Câmara Municipal de Goiânia aprovou nesta quinta-feira (7) o pedido de empréstimo de R$ 710 milhões para a Prefeitura. O projeto de Lei 407/2023, que autoriza a operação de crédito junto ao Banco do Brasil, foi aprovado em segunda votação com 25 votos favoráveis e 7 contrários. Uma emenda enviada pelo Executivo foi incorporada ao texto final.

Sob pressão de uma galeria lotada, além de um mecanismo da oposição que acionou a Justiça para tentar travar a tramitação, vereadores da base não encontraram dificuldades em aprovar a matéria. Apenas sete vereadores efetuaram voto negativo ao texto, enquanto outros 25 manifestaram favoráveis.

Votaram contra o texto os vereadores Aava Santiago (PSDB), Katia Maria (PT), Igor Franco (SD), Lucas Kitão (PSD), William Veloso (PL), Paulo Magalhães (União Brasil) e Sargento Novandir (Avante). Este último da base do prefeito Rogério Cruz (Republicanos). O vereador Welton Lemos (Podemos) que integra o Bloco Vanguarda votaria contra, mas teve um imprevisto em família e precisou se ausentar da sessão. 

O vereador Lucas Kitão (PSD) fez duras críticas ao projeto, alegando “uma sucessão de erros” e alertando para os riscos do empréstimo. “Não podemos nos expor a essa aventura. Esse dinheiro nem se sabe se chegará a tempo”, argumentou. 

A vereadora Kátia Maria (PT) também se posicionou contra a proposta, reforçando as “irregularidades na matéria” e exigindo “que todos os recursos sejam bem alocados”.

Apesar da aprovação, a vereadora Aava Santiago (PSDB) questionou o prazo de tramitação do projeto, que para ela havia prescrito. Ela também destacou que os R$ 8 milhões em juros mensais do empréstimo seriam suficientes para a contratação de 140 caminhões de lixo por nove anos. O líder do Bloco Vanguarda, Igor Franco (SD), promete insistir na judicialização do assunto, agora no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Antes, o Tribunal de Justiça havia rejeitado um mandado de segurança impetrado por grupo de vereadores que visava interromper a tramitação do projeto de lei. A decisão é da desembargadora Lília Mônica de Castro Borges e foi publicada no início da manhã desta quinta-feira (7).

O colunista do Mais Goiás, João Bosco Bittencourt, contudo, destaca que a Procuradoria-Geral da Prefeitura de Goiânia prevê que com a matéria aprovada, a primeira parcela do empréstimo esteja na conta da Prefeitura dentro dos próximos 45 dias.