Vereadores aprovam projeto que permite pet terapia em hospitais de Goiânia
A companhia de animais de estimação, além de alegrar os ambientes, poderá servir de contribuição…
A companhia de animais de estimação, além de alegrar os ambientes, poderá servir de contribuição em tratamentos de saúde. Projeto de Lei aprovado em segunda votação na Câmara Municipal da metrópole permitirá, caso sancionado, que animais façam visitas a seus tutores internados. Trata-se da Terapia Assistida por Animais (TAA), popularmente conhecida como pet terapia.
A matéria autoriza e regulamenta a visita de animais domésticos e de estimação a pacientes internados em hospitais, clínicas e asilos. sejam eles públicos ou privados. Projeto segue para sanção do prefeito Íris Rezende Machado (MDB). De acordo com informações da Câmara, a normatização representa um reforço no tratamento de pacientes com tempo prolongado de internação.
Romário Policarpo, presidente da Câmara e autor do projeto, explica que a matéria prevê regras claras e rígidas para que os animais possam ter contato com os pacientes. A intenção, segundo ele, é garantir que a pet terapia seja totalmente positiva para os pacientes que quiserem e puderem utilizá-la. “Não é qualquer animal que adentrará essas unidades. Eles terão que ter autorização da Vigilância Sanitária e terão que ser devidamente examinados por veterinários, estar com suas vacinas e vermifugação em dias”, explica.
Na capital, segundo o autor, há vários registros de experiências bem sucedidas de pet terapia, como no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). A proposta estabelece as condições de ingresso e circulação dos animais nas unidades de saúde e observa que não estará permitida a entrada dos pets em setores de isolamento, quimioterapia, UTIs, farmácias, áreas de manipulação, entre outros. As regras gerais de ingresso nas unidades de saúde estão estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Não estamos dizendo que o contato com os animais vá provocar a cura, mas, o estímulo para a pessoa querer melhorar e sair daquela situação da doença. E com esses animais os resultados são significativos”, defende.
Reconhecimento
Nos últimos anos, pesquisas científicas têm revelado cada vez mais benefícios na interação entre humanos e animais. Em nível nacional, a técnica já foi reconhecida pelo Conselho Regional de Medicina e também é zooterapia. No caso das terapias que proporcionam contato com cavalos, o nome utilizado é equoterapia. Em Goiânia, o Centro de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo (Crer) já disponibiliza tratamento com equinos a seus pacientes.
O Centro de Pesquisa de Conexão Pessoa-Animal da UCLA (Universidade da Califórnia), em Los Angeles (EUA), fez um levantamento com base em seis pesquisas científicas sobre TAA. Os dados apontam que o simples acariciar dos animais proporciona um relaxamento automático responsável por liberar serotonina e ocitocina, os “hormônios da felicidade”.
Além disso, segundo o estudo, os animais estimulam a atividade cerebral, diminuem a pressão arterial e, por estimularem a liberação de hormônios, ajudam a diminuir a sensação de dor ou desconforto. Com isso, os animais deixaram de ser apenas pets e passaram a integrar equipes de clínicas e mesmo hospitais, em que podem auxiliar o tratamento de pessoas com doenças psicológicas ou limitações físicas, principalmente crianças e idosos.
Manuella Balliana Maciel, psicóloga do Cerne, Centro de Excelência em Recuperação Neurológica, em Curitiba, é coordenadora de um projeto com animais há um ano. Segundo ela, os bichos participam de diversas atividades e ajudam pacientes que têm mais dificuldade em criar vínculos com a terapia. Atualmente, cinco animais vivem lá e os outros visitam o local esporadicamente. Cachorros, coelhos, tartarugas e até uma galinha, chamada Laila, já passaram pelo centro.
No Brasil, apenas clínicas, ONGs e hospitais particulares podem oferecer zooterapia. Existe um projeto de lei de fevereiro de 2018 que pede a liberação deste tipo de tratamento em hospitais públicos, uma vez que sua eficiência foi comprovada cientificamente e a oferta ainda não é coerente com a demanda de pacientes.
*Com informações do FolhaPress
**Thaynara da Cunha é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Hugo Oliveira