Publicidade que fala sobre LGBTQI+ gera discussão na Câmara de Goiânia
Parte dos vereadores critica peça publicitária de uma rede de fast food com participação de crianças
Pela segunda vez em menos de uma semana, vereadores de Goiânia usaram tempo da sessão ordinária da Câmara Municipal, realizada na terça-feira (13), para debater propaganda LGBTQI+ de um restaurante de fast food feita com crianças. “Querem instaurar uma ditadura da opinião e expressão”, disse Thialu Guiotti (Avante).
O vereador rebateu críticas que recebeu por ter usado o plenário na semana passada justamente para criticar a campanha publicitária. Na ocasião chegou a dizer que a peça usava crianças para induzir ao “homossexualismo”. A fala foi apoiada pelos vereadores Sargento Novandir (Republicanos), Cabo Senna (Patriota), Gabriela Rodart (DC) e pastor Isaias Ribeiro (Republicanos).
Guiotti diz que em nenhum momento fez discurso de ódio homossexuais. O vereador argumenta que é contra o que chama de uso de crianças para levantar bandeira do movimento LGBTQI+. “Nós somos seres sociais. Eu sou a partir do outro. Como pode usar crianças para levantar bandeira de movimentos como se isso fosse natural? Minha discussão não é contra o que cada adulto faz, mas sim o uso de criança em propagandas”, diz.
Defesa
Aava Santiago (PSDB) argumenta que são posicionamentos “retrógrados e obscurantistas, baseados em fake news”. “Eles vivem disso. Não conseguem avançar na discussão sobre a cidade e criação e garantia dos direitos. Então precisam surfar na onda do ódio e da desinformação, que é o que alimenta o mandato deles. Goiânia segue com uma série de gargalos a serem solucionados e a população LGBTQI+, que vive na cidade segue enfrentando ódio, preconceito e discriminação”, aponta.
Fabrício Rosa, que foi candidato a vereador pelo PSol em 2020, diz que crianças devem naturalizar a diversidade que compõe o mundo. Ele argumenta que ruim é ensinar o ódio e a naturalização do trabalho infantil, da violência doméstica, da exploração sexual, do uso de armas, da exclusão de crianças com deficiência da escola, argumentos tão comuns na boca da extrema direita.
“A sexualidade é algo pessoal, ao contrário do que diz Thialu Guiotti, não se ‘transmite’. Ninguém escolhe ser hétero ou gay. A fala dele está atrasada pelo menos há 31 anos, quando a OMS reconheceu que homossexualidade não é doença. Nenhuma criança ou adolescente escolheria racionalmente ser apontado por coleguinhas, ser expulso de casa, sofrer bullying, apanhar na escola, ser violentado”, avalia Fabrício.
Audiência pública
“Deus criou o homem e a mulher, não criou o homem a mulher e um triângulo. Colocaram nossas crianças para dizer que tudo é normal. Não é normal”, chegou a dizer Cabo Senna na semana passada.
Após as manifestações da semana passada, os vereadores Mauro Rubem (PT), Aava Santiago (PSDB) e Marlon Teixeira (Cidadania) convocaram audiência pública para debater homofobia, que contou com participação de Lucíula do Recanto e Sabrina Garcez, ambas do PSD. A audiência também teve presença de Rodart.
Cabo Senna chegou a dizer que vai acionar judicialmente o policial rodoviário federal Fabrício Rosa (PSol), que disse, na audiência, que a fala dos vereadores autoriza a violência.