ENTREVISTA

Vice-prefeita de Iporá diz que vai fazer uma sindicância na administração

Em entrevista exclusiva ao Mais Goiás, vice-prefeita comenta expectativa de assumir o cargo

Vivendo a expectativa de assumir interinamente a Prefeitura de Iporá no começo da próxima semana, a vice-prefeita Maysa Cunha (PP) afirma em entrevista ao Mais Goiás que espera construir uma boa relação com os parlamentares da Câmara de Vereadores do município e que um de seus primeiros atos frente a gestão será abrir uma sindicância para apurar eventuais irregularidades na administração municipal.

Ela também destaca que sua prioridade no período que estiver a frente da gestão municipal será dar soluções para a área de saúde. De acordo com Maysa, Iporá tem estrutura para prestar um bom atendimento mas hoje vive um contexto de inúmeros problemas estruturais como aparelhos estragados na Unidade de Saúde da cidade o que prejudica o serviço a população.

Ao Mais Goiás, Maysa destacou que não tinha nenhuma relação política ou adminsitrativa com o prefeito Naçoitan Leite (sem partido), preso e denunciado pelo Ministério Público por tentativa de feminicídio contra a ex-companheira. Ela afirma que sequer participava das reuniões da gestão, tampouco das decisões e do acompanhamento dos projetos da administração municipal.

Também pontuou que não irá fazer uma “caça às bruxas” entre comissionados e servidores da atual administração, porém, irá providênciar uma sindicância para apurar eventuais irregularidades. “Não é verdade que a vice-prefeita irá exonerar todos os comissionados da atual gestão, mas a vice-prefeita tem uma personalidade legalista e principalmente de uma gestão pensada em resultados o que não significa que aqueles comissionados que não estão cumprindo com o Código de Ética do Poder Público Municipal de Iporá, principalmente atendendo a excelência, a legalidade e a moralidade do trabalho, infelizmente teremos de tomar fortes atitudes porque precisamos manter o desenvolvimento e a ordem das nossas políticas públicas”, salientou.

Leia a entrevista na íntegra com a atual vice-prefeita de Iporá, Maysa Cunha (PP):

Domingos Ketelbey: A senhora vive a expectativa de assumir a Prefeitura de Iporá. Como está a situação política e administrativa do município? 

Maysa Cunha: Estou tranquila e acredito que o procedimento está acontecendo de forma democrática atendendo o principio da legalidade e fico também ansiosa e com vontade de atender a população por meio das políticas públicas uma vez que a gente percebe que está ausente nesta gestão titular. A situação política encontra-se neste impasse uma vez que o Poder Legislativo entende que tem que aguardar 15 dias para posteriormente estar empossando a vice-prefeita. A questão política fica a desejar porque a população tem esse anseio da titularidade do executivo em estar materializada para que o princípio da ação do poder público venha a ser cumprido. 

E administrativamente? Qual a situação de Iporá hoje?

Maysa Cunha: A situação administrativa do município tem acontecido por meio de secretários da prefeitura com suas limitações. Os empenhos já realizados e enviados estão com seus encaminhamentos feitos, mas já estão em sua maioria realizados. Requisições e demandas novas para desenvolver as políticas públicas, na área da saúde, educação, justiça social, infelizmente ficam paralisadas e aguardando essas definições que possa terminar pela lógica legal o mais rápido possível.

Como era sua relação com o prefeito Naçoitan Leite?

Maysa Cunha: Infelizmente, faltava muita comunicação na nossa relação. Até mesmo para ajudar as mulheres em nosso país, eu vivi muita violência política. Quero deixar bem claro a privação de decisões junto a Prefeitura. Achar que nós mulheres não temos capacidade administrativa é algo de se indignar. A privação da liberdade de expressão realmente traz para nós mulheres uma indignação.

Como era isso? Ele não te consultava e nem compartilhava os atos de gestão com a senhora?

Maysa Cunha: Ele não dava atenção, não me deixava participar do planejamento administrativo, não me deixava participar da construção das ações a serem geridas, das avaliações das atividades sendo geridas. Não tive a oportunidade de ser ouvida em nenhum momento durante a gestão.

Ele nomeou um gestor administrativo para tratar das demandas do município. Como avalia essa movimentação?

Maysa Cunha: Não adianta protelar situações como essa até mesmo porque nós estamos sabendo que o prefeito está afastado de suas funções por uma atitude atípica que é um ato ilícito. Isso traz para nós, comunidade, uma visão muito triste porque nós precisamos de uma forma legal que os problemas da população sejam resolvidos. Vejo uma necessidade da união da soberania popular e da soberania legal perante a população.

Assumindo, pretende fazer mudanças no primeiro escalão do município? 

Maysa Cunha: No primeiro momento eu preciso analisar como está o movimento orçamentário da Prefeitura, quais são as despesas empenhadas. Preciso ter um retrato da adminstração pública. Não posso prejudicar a comunidade em nenhum aspecto, sabendo que nossos tramites no final do ano, temos balancetes financeiros para fecharmos, temos também pagamentos dos servidores, temos de fechar a folha até o dia 20 de dezembro, antes do Natal. Temos despesas que já estão empenhadas. Temos de levar em consideração dos gestores porque muitos dos secretários do primeiro escalão. Chegando lá, eu já estou com uma sindicância para instaurar na Prefeitura. Vamos analisar a curto prazo quais serão as decisões a ser tomadas no primeiro e segundo escalão. 

Semana passada um movimento de servidores comissionados temendo exoneração em massa saiu em defesa do prefeito Naçoitan Leite. Como viu isso?

Maysa Cunha: Eu vejo um movimento desnecessário porque foi comentado a eles que a vice-prefeita ao tomar posse iria demitir todos os servidores comissionados e isso não procede. A vice-prefeita tem uma personalidade legalista e principalmente de uma gestão pensada em resultados o que não significa que aqueles comissionados que não estão cumprindo com o Código de Ética do Poder Público Municipal de Iporá, principalmente atendendo a excelência, a legalidade e a moralidade do trabalho, infelizmente teremos de tomar fortes atitudes porque precisamos manter o desenvolvimento e a ordem das nossas políticas públicas.

Quais serão suas prioridades na administração enquanto estiver comandando a Prefeitura?

Maysa Cunha: A curto prazo a saúde, nós estamos em Iporá com muitos aparelhos estragados nas unidades de atendimento. Temos pessoas em comunidades e bairros que precisam levantar de madrugada atras de uma senha para consultar com um médico e estamos com dificuldades e encaminhando diariamente pacientes para consultas em Goiânia e poderíamos estabelecer um convênio intermunicipal para transformar Iporá em um polo de saúde. Através da saúde, podemos desenvolver uma comunidade saudável para que outras políticas públicas aconteçam. Vamos focar primariamente na saúde e paralelamente pensar na assistência social já que muitas famílias estão em vulnerabilidade social que precisam ser assistidas pelo Poder Público.

Como será sua relação com os vereadores do município?

Te respondo o nome dos interesses coletivos. Já estou construindo um fortalecimento de vínculos. No nosso governo não haverá vereadores base da prefeita ou da gestão. Os 13 vereadores serão base da população. Não olharei para partidos políticos e sim para as funções de cada vereador. Todos eles participaram da gestão e me ajudarão a governar Iporá.