ENTREVISTA

Vitor Hugo acha “prematuro” cravar candidaturas e torce por pacificação entre Gayer e Vanderlan

Em entrevista exclusiva ao Mais Goiás, Vitor Hugo fala sobre a conjuntura pré-eleitoral para as eleições em 2024

O ex-deputado federal e uma das principais lideranças bolsonaristas em Goiás, Vitor Hugo (PL) relata ao Mais Goiás conversas regulares com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de olho nas movimentações pré-eleitorais para 2024. Ainda assim, acredita que não é o momento para bater o martelo com relação às candidaturas para o pleito municipal, haja vista que há “diversos fatores” a serem maturados.

Vitor Hugo promete acompanhar de perto a agenda que Bolsonaro terá em Goiânia nesta sexta-feira (18). Ambos almoçarão juntos na casa do presidente do PL, o senador Wilder Morais. A política eleitoral é um assunto que deve pautar parte da conversa entre os envolvidos. 

“Valdemar e Wilder têm o objetivo de eleger o máximo de prefeitos no Brasil e em Goiás. É um assunto que pode permear o encontro com o presidente Bolsonaro”, salienta. Aliados acreditam que tudo transcorrerá normalmente, mesmo com o inquérito que apura irregularidades e desvios de joias e presentes avançando. 

Também não há preocupação com relação ao depoimento do ‘hacker da Lava-Jato’ à CPI dos Atos Golpistas realizada nesta quinta-feira (17). “Uma coisa não tem nada a ver com a outra”, disseram aliados ao portal.

Vitor Hugo também espera que a relação entre o deputado Gustavo Gayer (PL) e o senador Vanderlan Cardoso (PSD) seja pacificada. O ex-deputado federal tem uma boa relação com ambos mas a dupla vive em verdadeiro pé de guerra, o que tem afastado a possibilidade de uma aliança para as eleições em 2024. 

“Diversos fatores” irão definir candidaturas em 2024

Seja como for, há uma eleição por vir e Vitor Hugo tem seu nome ventilado para concorrer em pelo menos duas cidades – Goiânia e Anápolis. O ex-deputado federal acredita que é fundamental ter candidaturas competitivas em 2024, mas dá indicativos que o seu foco mesmo pode ser o Senado Federal, em 2026. “As definições” estão relacionadas a “diversos fatores”, relata.

“Todas as definições vão ser conjugadas a partir de diversos fatores. A possibilidade de vitória, de composição com outros partidos, os interesses do pré-candidato tanto para 2024 como em 2026”, destacou ao Mais Goiás. Daí então, a necessidade de ir com calma antes de bater o martelo. “Lógico, a conciliação das possibilidades e interesses do grupo. Acho que ainda é prematuro para se falar em definições de nomes”, pontuou.

Vitor Hugo pontua que as questões mais bem definidas estão em Goiânia e Aparecida, com as pré-candidaturas dos deputados federais Gustavo Gayer e Professor Alcides, respectivamente. “Acho que a situação que está mais avançada é a do Gayer, mas ele tem de tomar a decisão e anunciar. É legítimo que ele seja pré-candidato, é presidente municipal do PL e já foi candidato em 2020. Tem feito um trabalho relevante de oposição na Câmara e por ser goianiense e ter uma relação afetiva com a cidade e também não tem nada a perder em ser candidato. Ele tem plenas condições de ser pré-candidato”, salientou.

“No meu caso, estou esperando, conversando, avaliando para tomar uma decisão diante de todo o cenário. Fui deputado federal, líder da Câmara e tive mais de 500 mil votos para Governador. Foram 120 mil votos em Goiânia e mais de 50 mil em Anápolis. Eu tô avaliando as estratégias, interesses e possibilidades”, continua. 

Nesse sentido, avalia até mesmo abrir mão de uma candidatura nas eleições do ano que vem para priorizar uma vaga na chapa majoritária de 2026. “Com o horizonte em 2024, mas de olho em 2026. Aqui a gente tem duas vagas para o Senado numa eleição que será extremamente importante para o país, haja vista que 54 cadeiras vão estar em disputa e pode reequilibrar os poderes”, ponderou. Claro, a opinião e os conselhos de Bolsonaro serão levados em conta.

Vanderlan e Gayer: “Torço para que haja algum tipo de pacificação”

Mesmo tendo caminhando no mesmo projeto em 2022, Gustavo Gayer e Vanderlan Cardoso acabaram se distanciando a partir da atual legislatura. A troca de farpas e críticas acabou se transformando em processo no Supremo Tribunal Federal (STF). Tudo começa quando o senador vota no projeto de reeleição de Rodrigo Pacheco na presidência do Senado Federal.

Irado, Gustavo Gayer o chama de “vagabundo” e Vanderlan Cardoso decide tomar as medidas legais. De lá para cá, o que se vê é um relacionamento que tem até então, afastado PL do PSD e vice-versa. 

“Tem gente falando asneira de que há uma possibilidade do Vanderlan ser candidato pelo PL ou ter apoio do PL. Que fique bem claro, zero possibilidade”, pontuou Gayer ao Mais Goiás. “Vanderlan não vai ser apoiado pelo PL, não é do grupo da direita, não vai ter meu apoio.”, salientou.

Presidente do PSD, Vanderlan Cardoso destaca que chegará a hora para conversar com outros partidos. E quando esse momento chegar, irá procurar o PL. Para conversar com Wilder Morais, o presidente estadual.

Seja como for, Vitor Hugo torce para a conciliação entre ambos. “Eu tenho conversado tanto com o Gustavo como com o Vanderlan. Tenho uma admiração pelo trabalho de ambos e tenho dito para eles que torço que haja algum tipo de pacificação na situação que eles estão vivendo”, destacou.

Vitor Hugo lembra que Vanderlan teve participação importante na construção da chapa que elegeu Wilder Morais, em 2022 e entregou a ao próprio ex-deputado 500 mil votos na disputa ao Palácio das Esmeraldas. “O Vanderlan participou efetivamente da construção da nossa candidatura e nos apoiou. Era um senador de um milhão e setecentos mil votos. Ele que nos apresentou o Wilder. Esteve em várias reuniões com o presidente Bolsonaro para sacramentar e consolidar a nossa candidatura. É lógico que tenho uma gratidão por ele”, destacou.

Também não faltaram elogios ao deputado federal. “Do outro lado temos o Gustavo Gayer que tem feito um brilhante trabalho de oposição na Câmara ao governo atual. Ele estava conosco na nossa chapa e teve uma votação expressiva e tem legitimidade para tomar as decisões que achar necessárias em relação a Goiânia”, destacou. 

Ao ponderar que ambos merecem o devido respeito, reforça que se PL e PSD tomarem caminhos distintos, deseja que a campanha seja respeitosa. “Torço para que tudo seja resolvido com respeito e haja uma disputa saudável”, destaca. Claro, ele tem lado e já avisa qual vai tomar. “Por ser do PL, se efetivamente o PL tiver uma candidatura a Goiânia e eu tenho vislumbrado pela última pesquisa que Goiânia também é uma opção pra mim, caso o Gustavo não seja candidato”, reforça.