MUDANÇAS

Volta das coligações: 14 deputados federais goianos votaram a favor; veja quem são

Cientista político aponta que a medida traz retrocesso à política brasileira por mascarar o princípio da representatividade

Volta das coligações: 14 deputados federais goianos votaram a favor; veja quem são (Foto: Câmara dos Deputados - Divulgação)

Quatorze deputados federais goianos votaram a favor da volta das coligações em segunda votação, realizada em sessão de terça-feira (11). Dos 17 parlamentares goianos, apenas Delegado Waldir (PSL), Flávia Morais (PDT) e Francisco Jr (PSD) votaram contra a proposta.

Cientista político aponta que a medida traz retrocesso à política brasileira por mascarar o princípio da representatividade.

Dentre os 17 parlamentares, três que estiveram na votação anterior, em 2017, mudaram seus votos. Naquela época, 12 deputados goianos votaram e todos foram a favor da mudança.

No entanto, desta vez João Campos (Republicanos), Lucas Vergílio (Solidariedade) e Rubens Otoni votaram a favor do retorno das coligações. (Veja como cada um votou abaixo).

Rubens Otoni diz ao Mais Goiás que mantém sua opinião de que a coligação proporcional não é o ideal, pois fragiliza a representação popular. No entanto, diante do risco de aprovação do distritão, passou a ser um “mal menor”.

“O distritão [que previa a eleição dos mais votados por região eleitoral nos Estados] seria um desastre ainda maior”, avalia.

Volta das coligações ainda passará pelo Senado

O projeto ainda vai ao Senado para confirmação das medidas aprovadas pelos deputados. O terreno, entretanto, é mais complicado para que o avanço da matéria nos moldes da Câmara.

Os três senadores goianos, Jorge Kajuru (Podemos), Luiz do Carmo (MDB) e Vanderlan Cardoso (PSD), se posicionam contrários à medida.

As coligações foram extintas pelo Congresso Nacional durante a reforma política de 2017. Já em 2020, durante as eleições municipais, os partidos ficaram impedidos de se coligarem para eleger vereadores.

Cláusula de barreira

O cientista político Guilherme explica que o fato de as eleições de 2020 terem deixado os partidos “nanicos” sem força assustou os donos dessas siglas, já que tenderiam a desaparecer, caso não conseguissem atingir a cláusula de barreira.

Ou seja, caso esses partidos não chegassem a cinco cadeiras na Câmara dos Deputados, não teriam tempo de TV e direito ao financiamento de fundo público. Na próxima eleição, 11 cadeiras estariam previstas como barreira, sendo necessário, assim, mais robustez dos partidos.

“Essa ‘rebelião’ dos donos dos partidos, a favor da volta das coligações, está alinhavada não somente com as coligações, mas com a federação partidária criada pelos deputados na reforma. Algo, talvez, muito pior que o retorno das coligações”, aponta.

“A federação garante que uma coligação eleitoral se transforme em bloco partidário que dura quatro anos. Somando assim os partidos deste bloco contam como um”, explica.

“Quer dizer que partidos pequenos mobilizados nestes blocos podem ter acesso ao fundo partidário mesmo não atingindo o número mínimo de cadeiras. Se trata de uma rebelião e uma trapaça, que fortalece as elites políticas”, completa Guilherme.

O cientista político avalia que essa nova configuração posta na Câmara dos Deputados impede os avanços conquistados na reforma de 2017, que visava o fortalecimento de siglas com lastro social, com um mascaramento do princípio da representatividade.

Quatorze deputados federais goianos votaram a favor, veja o resultado:

Votaram a favor

Adriano do Baldy (PP)
Alcides Rodrigues (Patriota)
Célio Silveira (PSDB)
Zacharias Calil (DEM)
Elias Vaz (PSB)
Glaustin da Fokus (PSC)
Zé Mário Schreiner (DEM)
José Nelto (Podemos)
João Campos (Republicanos)
Lucas Vergilio (Solidariedade)
Magda Mofatto (PL)
Professor Alcides (PP)
Rubens Otoni (PT)
Vitor Hugo (PSL)

Votaram contra

Delegado Waldir (PSL)
Flávia Morais (PDT)
Francisco Jr (PSD)