Wajngarten na CPI: carta da Pfizer sobre compra de vacinas ficou 2 meses sem resposta
Documento foi enviado em setembro, mas só foi notado por equipe do governo em novembro, segundo depoente
Em depoimento à CPI da Covid, o ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten, afirmou que a carta enviada pela farmacêutica Pfizer para que o pais fizesse a compra de vacinas ficou dois meses sem resposta das autoridades brasileiras. O documento, segundo ele, foi enviado em 12 de setembro de 2020, a seis pessoas, que só teriam tomado conhecimento do conteúdo 9 de novembro.
“Quando soube em novembro do ano passado que a Pfizer havia enviado carta ao governo brasileiro, procurei imediatamente solucionar eventual impasse. Vi por bem levar ao presidente Bolsonaro o assunto Pfizer na busca por uma solução rápida. E assim foi feito”, alegou.
Porém, Fabio falou que a as propostas da Pfizer “no início da conversa falavam em irrisórias 500 mil vacinas”. Além disso, ele afirmou que nunca divulgou dados sobre 70 milhões de doses da farmacêutica e que nunca participou de negociações.
O depoimento é marcado por muitas inconsistências das respostas dadas por Fábio Wajngarten. Em um dos pontos, ele nega ter chamado o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de incompetente, como foi publicado pela revista Veja, onde ele mostrou indignação sobre o processo de aquisição de vacinas.
Durante depoimento, ele chegou a chamar Pazuello de “corajoso” por ter aceitado comandar a pasta em meio à pandemia. As declarações contraditórias não agradaram os senadores.
“Você só está aqui por causa da entrevista [à revista Veja]. Se não fosse isso não lembraríamos que você existia […] Não subestime nossa inteligência”, disse o presidente da CPI, Omar Aziz. Após isso, a reunião foi suspensa por cinco minutos. Ao retornar, o presidente da Comissão o lembrou que, a omissão em depoimento pode colocá-lo na condição de investigado.
Um outro ponto de tensão ocorreu quando Fabio respondeu “pergunte a ele” no momento em que o relator da CPI, Renan Calheiros, o questionou sobre as falas críticas do presidente sobre isolamento social e vacinas. “Você não pode dizer ‘pergunte a ele’. Você está aqui como testemunha. Sim ou não?”, reagiu Omar.
Apesar de dizer que não colabora mais com o governo Bolsonaro, Fabio afirmou que nunca houve interferência do presidente na Secom, principalmente na chegada da pandemia. “Eu sempre tive toda a liberdade possível para comandar a Secretaria de Comunicação, sem interferência de ninguém”, afirma Wajngarten.