Após 2017 apertado e Recuperação Judicial, Oi investe em atrativos digitais
Para o ano de 2018, a companhia promete crescer dois dígitos com um investimento que pode chegar a R$ 12 bi
Em coletiva de imprensa na cidade de Campinas (SP), a Oi anunciou algumas de suas novas estratégias para o ano de 2018. O desafio, de acordo com Bernardo Winik, diretor Comercial da empresa, é grande. A pretenção é crescer dois dígitos em relação ao ano passado, que fechou com um prejuízo líquido de R$ 6,6 bi.
“Aumentamos os investimentos em 2017. Foi uma gestão muito apertada em questão de caixa”, afirma Bernardo. “No ano passado, estabilizamos a companhia, preparando-a para um futuro”, garante. A ideia é deixar para trás o fantasma da Recuperação Judicial, cujo Plano foi aprovado, segundo Winik, quase por unanimidade entre os credores.
A Oi terá ainda um aporte que poderá chegar a R$ 12 bi, dedicados em investimentos. Winik, entretanto, sublinha que a companhia não pretende esperar a entrada deste capital – que deverá chegar apenas no último trimestre de 2018. Até lá, eles têm um patamar de aproximadamente R$ 5.5 bi. “Isso está alinhado com o plano aprovado”, diz.
Expansão do digital
Como principal atrativo e investimento, a Oi quer pegar pesado com o digital. Nos planos pré, mais uma vez, a companhia foca na troca de minutos de voz por dados, anunciada no ano passado.
Segundo Roberto Guenzburger, diretor de Produtos, Mobilidade e Conteúdos, desde o lançamento deste serviço, os consumidores fazem uma média de quatro trocas por mês, o que ele considera um número alto.
Em todo o ano de 2017, mais de 20 milhões de trocas foram feitas. Destas, 77% foram de voz para dados. Isso dá uma dica de uma nova tendência de mercado explicitada na coletiva de imprensa: o consumo de voz está em declínio. O que, para a Oi, é algo visto como natural no atual recorte do mercado brasileiro.
Parte do investimento dedicado à digitalização da Oi foi destinada a uma melhor experiência para o consumidor com o digital. Aplicativos de atendimento ao usuário, segundo Bernardo, resolvem mais de 50% dos problemas. Isso fez com que as reclamações na Anatel caíssem 34% nos últimos anos. Assim como ações no Juizado Especial Cível (JEC), que caíram 68%.
Tendência de mercado
Winik afirma que o consumidor busca muito mais por conteúdos de relevância do que por ligações ou apenas internet. “Dados o consumidor pode ter em qualquer lugar”, frisou. Por isso, para os planos pós, a Oi também anunciou um investimento em conteúdo ao vivo e on demand no Oi Play, com conteúdos da Fox (incluindo Fox Sports, que transmitirá a Copa do Mundo), ESPN, Discovery e, a partir de maio, da HBO.
Junto a isso, a empresa também deverá deixar as ofertas combo mais atraentes, visando convergência, que é um dos seus pilares de investimento. “Banda larga, por exemplo, tem uma demanda crescente. Há muita oportunidade, sobretudo em pequenas e médias cidades”, afirma Bernardo.
A estratégia parece ter dado certo. Em dados apresentados, a Oi mostrou que o Oi Total com suas quatro frentes (fixo, banda larga, móvel e televisão) representa 23% do total de vendas de combos. E, visando comprovar a busca crescente de conteúdo pelos usuários, a companhia reforçou que o tempo de navegação no Oi Play cresceu 36% em um ano e o número de páginas acessadas triplicou no último, chegando a 1 milhão.
Pré ou pós
Apesar de estar dentre os objetivos da empresa crescer também dentre os usuários pré-pago, pouco falou-se sobre eles. Afinal de contas, segundo dito na coletiva, a Oi já é líder em contas pré no país. O foco, então, foi apresentar o pós digital e suas ofertas.
Como a maioria dos planos pré-pagos oferece chamadas ilimitadas e boas ofertas de internet – com a possibilidade de trocar voz por dados –, isso deixa planos pós desinteressantes. Nesta vertente, a Oi justifica o investimento em conteúdo: com este diferencial em relação aos planos pré-pagos, eles pretendem deixar o pós mais atraente para o consumidor.
Aliado a isso, a empresa oferece ainda autonomia para que o titular compartilhe dados com seus dependentes. Apesar de ser algo já oferecidos pela concorrência, a Oi oferece o serviço de gestão. Com isso, pode-se aumentar ou diminuir a franquia de todos a qualquer momento.
Rede móvel
Há ainda um grande investimento em aumento de velocidade, sobretudo no Nordeste do Brasil. Winik afirma que haverá um refarming da frequência 1,8 GHz, declarando morte ao 2 G. Com isso, a empresa poderá atingir a velocidade de 4.5 G em mais de 26 cidades até o fim do ano. Goiânia não foi citada.
Sobre o 5G, Guenzburger afirma que é algo distante para a realidade brasileira: para daqui três anos.