Após aportes de R$ 1 bi, fábrica de chips criada por Eike quase não tem produção
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está fazendo uma força-tarefa para tirar…
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está fazendo uma força-tarefa para tirar definitivamente do papel a Unitec, fábrica de semicondutores (chips) que já recebeu investimento de quase R$ 1 bilhão, mas ainda é pré-operacional. Idealizada em 2012 para ser uma “campeã nacional de tecnologia”, a companhia tinha como um dos acionistas o empresário Eike Batista.
Batizada originalmente como Six Semicondutores, a empresa foi erguida em Ribeirão das Neves (região metropolitana de Belo Horizonte), mas ainda precisa de aporte de R$ 200 milhões para funcionar em grande escala. Como uma das financiadoras, a Finep, empresa pública de incentivo à ciência, não estaria disposta a injetar mais capital na companhia, os sócios estão à procura de alternativas, afirmam fontes próximas ao negócio. A Finep teria de investir mais cerca de R$ 70 milhões.
“O projeto passou por alguns percalços, mas acreditamos que a Unitec é uma empresa estratégica para o País”, afirmou ao Estado Eliane Lustosa, diretora de mercado de capitais do BNDES. Os acionistas estão discutindo agora a reestruturação de capital da companhia. “Deveremos anunciar até o início de dezembro a entrada de um sócio estratégico”, disse a executiva.
A expectativa inicial era de que a fábrica fosse inaugurada em 2014, mas os prazos foram sendo prorrogados. No fim de 2016, a empresa deu início à produção de encapsulamento de circuitos integrados e do design desses chips, mas ainda está longe de produzir os próprios chips.
Projeto inicial
À época que foi projetada, a Six Semicondutores tinha como sócios o BNDES, com 33%; Eike Batista, com outros 33%; o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), com 6,5%; a construtora Matec (6,1%), a empresa de tecnologia WS Intecs (2,6%); e a IBM, com 18,8%. Quando o grupo de Eike Batista entrou em crise, o empresário vendeu a parte dele para o grupo Corporación América, controlador da Inframérica, dona dos aeroportos de Brasília e Natal e a empresa mudou de nome.
A companhia, que está com 90% das obras concluídas, recebeu injeção de capital de todos os acionistas e de bancos financiadores de quase R$ 950 milhões, dos quais R$ 583,4 milhões em aporte direto e R$ 364,1 milhões em financiamentos. Só o BNDESPar injetou R$ 245 milhões. A Finep se comprometeu a colocar R$ 207 milhões, mas o repasse feito até agora foi de R$ 135,3 milhões.
Procurada, a Finep informou à reportagem que “liberou até o momento cerca de R$ 135 milhões para a fábrica, que também possui outros financiadores. Ainda não há previsão para a conclusão dos repasses, que acontecem de acordo com regras legais”. BDMG e Corporación America afirmam que estão confiantes na reestruturação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.