Final Fantasy XV será lançado na próxima terça-feira (29) após dez anos em desenvolvimento, cheio de pompa e circunstância. Mas e pra quem nunca ouviu falar da série? É boa? Do que se trata? Bom, basta dizer que cada jogo tem sua própria história e mundo e que várias mecânicas diferentes foram testadas ao longo dos anos, mas que todos são JRPG, com um certo nível de dificuldade e batalhas por turnos. Mas primeiro, vamos falar de onde o jogo surgiu.
Em 1986, a empresa de software e video games Square estava quebrando. Ela estava sendo detonada no mercado pela concorrente Enix e as coisas iam de mal a pior. Após lançar um jogo falido atrás do outro, cabia à Hironobu Sakaguchi liderar a equipe em uma derradeira tentativa de tirar o pé da lama.
Ao lado do ilustrador Yoshitaka Amano e do compositor Nobuo Uematsu, os três investiram seu tempo e últimos centavos no projeto Final Fantasy, nomeado exatamente por ser a última chance da Square. O jogo foi lançado em 1987 para o Famicom e em 1990 para o Nintendinho e fez um ENORME sucesso, mesmo sendo uma cópia descarada de Dragon Quest, maior sucesso da concorrente Enix.
Mas havia o pulo do gato: Dragon Quest era considerado um jogo muito, muito difícil, enquanto Final Fantasy era mais acessível, o que atraiu legiões de jogadores insatisfeitos. O resto é história. A Square cresceu tanto que acabou comprando a Enix, dando vida à atual Square Enix.
Mas então, e pra quem não conhece Final Fantasy, quais títulos são os melhores? Quais eu devo jogar? Aqui estão as sugestões:
Final Fantasy XIII
O jogo mais recente da série, lançado em 2010, dividiu completamente os fãs. É um jogo polêmico, de modo geral porque é considerado mal feito: ele é extremamente linear e raso, fazendo com que todo ele seja basicamente 60 horas de ir de um ponto ao seguinte matando coisas.
Porém, ele é muito útil pra quem nunca teve contato com a série para ter uma ideia de como é um JRPG e de como é Final Fantasy. A forma como o mundo é construído, seus personagens e alguns elementos (como cristais e chocobos, presentes na série há anos e anos) estão aqui.
Também é interessante pra se ter uma noção de como a série brinca com a fórmula clássica de combate. Neste jogo, não existe level, apenas uma longa árvore de habilidades que vai se expandindo ao longo do jogo e todos os seis personagens podem trocar, durante o combate, entre as várias classes (job system).
É uma dinâmica e uma pegada bem diferente, então é uma forma boa de testar as águas. Além disso, por ser o mais recente, também é o que tem os gráficos mais bonitos, fazendo do XIII uma boa pedida para quem não quer retornar para jogos muito antigos, com comandos e interfaces que podem ser muito truncadas para jovens jogadores.
Final Fantasy X
Lançado em 2002, este jogo foi o primeiro Final Fantasy do PS2 e tirou muita vantagem do poder gráfico daquele aparelho. Uma das suas principais modificações foi deixar os jogadores explorarem o mundo aberto, sem as viagens por mini-mapas dos jogos anteriores.
Isso, é claro, removeu de certa forma os encontros aleatórios: os monstros estão visíveis e o jogador só entra em contato se quiser. O jogo também possui um sistema de evolução parecido com o do Final Fantasy XIII, usando uma longa árvore de habilidades profundamente personalizável.
Enfim, entre todos os jogos da série, o X é um dos mais simples e acessíveis e ao mesmo tempo não deixa a peteca cair em termos de história e jogo, sendo bastante divertido e envolvente. Ele inclusive ganhou uma remasterização que vale a pena conferir.
Ele também é o primeiro jogo da série dublado. A molecada de hoje não sabe valorizar o que a tecnologia fez por nós.
Final Fantasy IX
Na mesma linha do X, está o jogo anterior, o IX, último a ser lançado para o PS1. Seu maior trunfo é ser um jogo ainda mais acessível do que o X.
O segundo ponto é seu mundo e narrativa: entre os jogos de número 6, 7 e 8 da série, a Square Enix se focou muito em histórias sombrias e pesadas com uma mitologia muito grande e complexa.
Já o 9 é focado 100% em diversão. Ele abandona o cenário deprê-xororô dos jogos anteriores e adota uma veia cômica muito clara e mais infantil, largando o mundo pós-apocalíptico e cyberpunk dos últimos títulos e voltando para as raízes de fantasia medieval da série.
Fora isso, o jogo é muito básico e possui uma boa história. Vale chamar a atenção que ele possui o nível de dificuldade de jogos dos anos 1990, então mesmo sendo um dos mais fáceis do conjunto, ele ainda pode ser um pouco tenso para quem não está acostumado.
Ele também ganhou uma remasterização muito boa para PC e para smartphones.
Final Fantasy VII
Ok, você já deve ter ouvido falar nesse. Final Fantasy VII é o primeiro jogo da série para o PS1 e o mais famoso de TODOS os títulos da franquia.
Ele se passa em um mundo cyberpunk, abandonando as raízes de fantasia medieval da série, e possui uma das histórias mais complicadas e bagunçadas.
Lançado em 1997, não é um jogo bonito de se olhar hoje em dia: tudo é bem blocudo e cheio de arestas, como a maior parte dos primeiros jogos 3D eram, mesmo tendo um ambiente 2D pré-renderizado.
Mesmo assim, na época o jogo fez sucesso por ser o título mais bonito do PS1, dando início à saga da Square de sempre tentar inovar estética e tecnologicamente com a série. Mas os blocos não devem atrapalhar a sua diversão.
O jogo chamou a atenção por ter uma linha muito mais inteligente de história, com todo um subtexto sobre ecologia e contra a exploração do petróleo e contra as multinacionais, temas estranhos para uma série que falava de fadas e cristais mágicos.
O jogo inclusive gira em torno de uma catástrofe ambiental que lembra, e muito, Chernobyl, mas boa parte desse contexto acaba perdido no caos que é a história principal. Enfim, os personagens são ótimos e o combate começa a ser mais ágil em relação aos jogos anteriores, com equipes de até três personagens.
É difícil falar de Final Fantasy VII sem se alongar demais: é um dos melhores da série, sem dúvida, mas suas mecânicas e visual podem barrar novos jogadores. O sistema de combate é um dos melhores da série e gira em torno de ‘materiais’, que são pedras acopladas às armas (ele seria mais ou menos ressuscitado em FF IX, pero no mucho).
Pra quem é novato, é um jogo que possui uma certa curva de aprendizado, mas que tende a ser envolvente demais para fazer qualquer jogador ignorar seus defeitos.
Final Fantasy VI
O mais difícil e deprê dessa lista, porém considerado por muitos fãs como o melhor Final Fantasy de todos os tempos. O sexto jogo da série foi o último a ser lançado para o Super Nintendo e usa ao máximo o poder gráfico da plataforma, quase fazendo ela soltar fumaça em 2D.
Na trama, você tenta impedir o apocalipse iminente… e falha de forma miserável. Lançado no início dos anos 1990 e depois de vários jogos leves, a trama e as reviravoltas do jogo chocaram a mente dos jogadores acostumados com os enredos rasos da série.
O jogo marca o início das experimentações que iriam culminar em Final Fantasy VII e nos jogos que viriam do PS2 em diante. O contexto não é mais medieval, e sim steampunk, com castelos voadores e a coisa toda.
O jogo possui QUATORZE personagens jogáveis, o que é impressionante hoje, imagina há mais de 20 anos atrás. O sistema de classes é bem definido, mas com muita profundidade, além de comandos e magias especiais bem legais e desenhadas para cada um dos heróis.
Este também é o primeiro jogo da série com uma heroína, Terra, o que é sempre bom lembrar. Fãs pedem por um remake há séculos já que novos jogadores tendem a não ter paciência para títulos do SNES.
Porém, como disse no começo, ele é difícil: é o melhor de todos, mas não é um bom título para se começar a conhecer Final Fantasy.
Final Fantasy Tactics
Eu falei difícil? Então que tal esse: o jogo é baseado na Guerra das Rosas e traz como maior inovação a possibilidade de mover posicionar seus personagens no campo de batalha durante o combate. Algo similar a Heroes of Might & Magic e Fire Emblem, por exemplo.
E é tão difícil quanto um jogo de Fire Emblem. Tactics é sensacional, mas está por último nessa lista por ser o último que deve ser jogado. Sem a experiência e paciência necessária, o jogo vai limpar o chão com você.
Seguindo nos passos do VI, o jogo tem uma pegada bem sombria e muito Game of Thrones, com uma nobreza inescrupulosa cheia de castas, guerras, e uma igreja de olho em queimar hereges e assumir o poder.
A trama acompanha dois amigos de infância que servem a uma casa nobre se separam após uma tragédia. Um se torna um pária e decide usar seus talentos para proteger os oprimidos enquanto o outro se enche de ódio e vingança e começa suas manipulações para tentar ser rei.
E é isso. Estas são nossas principais recomendações para quem não conhece Final Fantasy poder fazer um esquenta antes de mergulhar no novo jogo. E não precisa levá-la tão a sério: teste, experimente, e com certeza você irá encontrar um jogo que fique ao seu gosto.