Fotógrafo goiano cria série para documentar o isolamento social na pandemia
A ideia de Jucimar de Sousa, natural de Mossâmedes, é que os registros mostrem a gerações futuras a dimensão da crise que estamos vivendo
Como nos lembraremos deste momento singular de isolamento social que transformou a vida de grande parte da população mundial? De que maneira, contaremos as histórias de como a pandemia nos deixou sem compreender o presente com uma ameaça invisível, e, principalmente, o que esperar do futuro.
Pensando em algumas dessas questões, o fotógrafo Jucimar de Sousa, que tem o hábito de levar sempre à tira colo sua máquina fotográfica, decidiu criar uma série fotográfica com o intuito de capturar o sentimento dos personagens dessa Pandemia para documentá-los às próximas gerações.
Natural do interior de Goiás, Jucimar conta que o hábito de observar e ouvir as pessoas, sobretudo as mais idosas, guiou muito seu olhar neste projeto, que começou 30 dias depois do decreto estadual que instaurou o isolamento social em Goiás.
Confira a entrevista do fotógrafo à Coluna M9!
Maraísa Lima – Como surgiu a ideia dessa mostra fotográfica?
Jucimar de Sousa – Eu penso que a fotografia é um forte instrumento de informação e também de comunicação entre passado, presente e futuro. E eu, como entusiasta pelo fotodocumentarismo, vendo os efeitos causados por esta pandemia, me senti na obrigação de fazer estes registros acreditando que se tornarão históricos para que as futuras gerações tenham uma melhor dimensão do que estamos presenciando.
Maraísa Lima – Quando e onde as fotos foram feitas?
Jucimar de Sousa – As fotos foram tiradas após 30 dias do decreto de isolamento social imposto pelo governo e foram feitas enquanto os fotografados estavam nas portas de suas residências na região onde moro, no setor Garavelo (Goiânia).
Maraísa Lima – De que forma você selecionou as pessoas?
Jucimar de Sousa – Eu sempre ando com minha câmera e uma teleobjetiva, procuro estar sempre preparado para registrar algo importante. E andando pelos bairros próximos do meu me deparava com as pessoas e fotografava primeiro na mente, antes mesmo do click. Depois, eu solicitava autorização para fotografar com a câmera e, no final, explicava da importância em contarmos essas histórias.
Maraísa Lima – O que mais te chamou a atenção neste projeto? Alguma história especial?
Jucimar de Sousa – O que me chamou mais atenção foram as expressões das pessoas, e a forma como cada um encara a realidade vivida.
Não se trata de um ensaio dirigido, são fotos reais, e, em algumas delas, é possível perceber a apreensão e insegurança das pessoas diante de algo que parece ser invisível.
Maraísa Lima – De alguma forma você traz experiências anteriores, um olhar autobiográfico, algo que remeta às suas origens?
Jucimar de Sousa – Sou de origem muito simples (Mossâmedes, Goiás) e sempre valorizei muito a sabedoria e experiência dos idosos, ouvir a opinião deles a respeito dos acontecimentos. Esta experiência foi muito válida.
Maraísa lima – Por que você resolveu fazer essa série fotográfica?
Jucimar de Sousa – Como forma de contribuição com as futuras gerações, creio que a informação é essencial para todos, e diante de tantos assuntos relacionados com a pandemia, esse merecia uma atenção.
Maraísa Lima – Fale brevemente do seu currículo, como as pessoas podem conhecer mais seu trabalho e contratar seu serviço.
Jucimar de Sousa – Eu comecei a fotografar há 5 anos, e depois de peregrinar por vários ramos desse mercado, conheci o fotodocumentarismo e o fotojornalismo. Nesse período, entendi que a fotografia é também uma forma de expressão. Fotografando fatos, acontecimentos e histórias, você acaba deixando perceptivo o seu olhar de mundo.
Tenho me dedicado nos últimos tempos ao fotodocumentarismo, pretendo contar histórias com fotografias. Tenho três projetos em andamento que estarão em breve em minha página do Instagram.