Governo russo está paranoico com Pokémon Go

Você não descarta 70 anos de totalitarismo, paranoia e medo cirurgicamente construídos da noite para o dia. Em reportagem, o Kotaku UK divulgou que o governo russo está ficando louco com o sucesso de Pokémon Go, que ainda não foi sequer lançado por lá.

Ao Moscow Times, ninguém menos que o ministro das Comunicações da Federação Russa, Nikolai Nikiforov, disse que acredita que o jogo quer “coletar informações em vídeo” da população sob o disfarce de jogo inteligente. Ele também suspeita que “serviços de Inteligência podem ter contribuído para este aplicativo”.

A paranoia sobre espionagem é tão grande que Nikiforov é um dos membros mais razoáveis do governo: muitos outros estão falando publicamente sobre banir o jogo antes mesmo dele ser lançado na Rússia.

Outros, obviamente, estão no bom e velho barco do “video-games-são-maus-pra-você”, como o deputado Frants Klintsevich que teria dito: “é como se o demônio tivesse chegado através deste aplicativo e estivesse tentando despedaçar nossos valores morais”. O governo chegou a pedir para que a agência dos direitos do consumidor analise os “efeitos psicológicos” de Pokémon Go.

Já o ministro para Situações de Emergência – diga que isso não é um cargo que tem cheiro, cor e gosto de Guerra Fria – Vladimir Puchkov foi mais modesto e divulgou um guia de segurança para jogadores, ressaltando a importância de tomar cuidado por onde anda, por exemplo, para evitar casos bizarros como americanos que foram atropelados e caíram de penhascos.

Tudo isso, obviamente, não impediu os fãs de jogarem. Não apenas através de versões que contornam o bloqueio regional, como no Brasil, mas também registrando o jogo em países europeus em que ele já foi lançado, como Reino Unido, França e Alemanhã.

Como medida final, o governo acha o jogo alienante e – e isto não é piada – vão lançar uma “versão patriótica” até o final de agosto em que jogadores poderão encontrar e conhecer mais sobre figuras históricas e folclóricas russas, como Ivan, o Terrível. O app da “Mãe Rússia” só irá funcionar em Moscou: “a intenção é dar aos moscovitas o conhecimento da nossa profunda e rica herança cultural, além de incentivá-los a caminhar mais”, disse o governo em comunicado ao Moscow Times.