Crítica

Space Hulk Deathwing: um party game sanguinário

Podemos dizer que 2016 foi um ano cheio para Warhammer e Warhammer 40,000, principais franquias…

Podemos dizer que 2016 foi um ano cheio para Warhammer e Warhammer 40,000, principais franquias da Games Workshop, que encarnaram dezenas de lançamentos ao longo do ano, especialmente para PC e dispositivos móveis.

A mais nova entrada da série no mundo dos jogos eletrônicos é Space Hulk: Deathwing e minha maior dúvida era se o jogo ia cair na velha dualidade de Warhammer nos video games. Esta dualidade é: ou o jogo é incrível e consegue atrair milhares de jogadores, muitos deles que nunca ouviram falar na franquia e que se divertem muito nessa introdução (como é o caso do fantástico Total War: Warhammer, lançado em maio); ou se vai ser um jogo dedicado para os fãs, que irão amar, enquanto os demais jogadores vão achar apenas decente ou ruim.

Infelizmente, acho que Deathwing tem uma tendência forte para a segunda categoria, mas por ser muito divertido no modo cooperativo, talvez possa se redimir desta questão. Mas vamos por partes e vou tentar ser direto e não me perder na mitologia de Warhammer 40k.

Nes jogo você comanda em primeira pessoa um esquadrão de super-soldados geneticamente modificados e fanáticos religiosos chamados Space Marines e ainda faz parte de uma de suas divisões mais insanas, a Deathwing. Vocês são convocados para expugar um gigantesco destroço espacial (chamados de Space Hulk) para livrá-lo da presença alienígena e recuperar tecnologia e artefatos perdidos.

Bem simples. Todo esse contexto serve para se encaixar como uma luva na jogabilidade. Este é um jogo de combate-de-enxame, gênero que se tornou popular com Left 4 Dead. Se você conhece Left 4 Dead e gostou, já pode parar de ler por aqui: o jogo é basicamente aquilo, mas no espaço.

Ele também mistura alguns elementos estratégicos básicos como um arsenal versátil e caminhos e opções diferentes para superar obstáculos no espaço. O jogo junta isso a alguns fatores de jogos de tiro táticos, como Brothers in Arms e especialmente Star Wars: Republic Commando quando você está jogando sozinho, te colocando para comandar os seus colegas de esquadrão.

Em termos de apresentação, o jogo é muito bonito, mas repetitivo: ele usa e abusa da Unreal Engine 4, mas a partir de um ponto toda a direção de arte parece ser a mesma e nem os ambientes mais criativos e variados conseguem tirar a sensação de que você está passando sempre pelos mesmos corredores.

A mitologia também pega pesado: se você não conhece Warhammer 40k, tudo pode parecer muito na sua cara e a natureza hiperbólica do universo para parecer simplesmente ridícula demais, então talvez seja melhor testar as águas antes.

Quanto à jogabilidade, não é um jogo que vale a pena ser jogado sozinho. Em single player, a IA não faz um bom trabalho controlando seus companheiros de esquadrão e você vai se ver soterrado constantemente pelos enxames tyranid que são atirados contra você.

Além disso, os objetivos são básicos: vá até aqui, mate tudo e depois vá até ali e mate tudo, o que se torna repetitivo rapidamente. Agora, com outros companheiros, o jogo é pura diversão. Estes defeitos que são grandes no single player ficam em segundo plano, dando lugar a um frenesi de diversão em equipe que me lembrou muito a sensação de jogar Castle Crashers em uma noitada com amigos.

Com essa abordagem, Space Hulk ganha uma nova vida, especialmente por ser bom no que ele faz. A GW já havia lançado recentemente outro jogo no estilo só que no ambiente de fantasia: Warhammer End Times – Vermintide que, apesar de decente, é inferior a este novo título, o que me faz crer que a empresa está atenta ao feedback dos jogadores.

Enfim, se você é um grande fã de Warhammer, provavelmente vai se divertir horrores expurgando a nave de xenos nojentos em nome e para a glória do Imperador. Agora, se você não conhece, só se arrisque se tiver outros três amigos empolgados para passar a noite inteira matando ondas e mais ondas de aliens do mal.