The Council (episódios 1-3): conspiração é a alma do negócio
Jogo narrativo independente mistura point’n click com RPG para ter um resultado excelente
A Big Bad Wolf estúdio lançou no último dia 24 o terceiro de cinco capítulos do seu jogo narrativo episódico: The Council. O jogo busca inovar no gênero de aventura, escapando dos clichês já consolidados nas games da Telltale.
Eles encontram duas formas de inovar: a primeira é com um arquivo de salvamento automático que não te deixa voltar atrás. Quando alguma decisão do jogador leva a uma consequência desagradável, ele precisa se comprometer com ela.
A outra forma é através de mecânicas de RPG. O jogador escolhe uma classe, ganha pontos de experiência e sobe de nível, desbloqueando habilidades e talentos conforme avança. Será que deu certo?
O bom
De cara, The Council é envolvente por sua narrativa e sua apresentação. O jogo é belíssimo, especialmente para jogos do gênero, usando e abusando da Unreal engine. Os ambientes e cenários, em especial, são incríveis e ricamente decorados de detalhes.
O começo da história é muito lento, mas depois que ela pega no tranco é difícil não se envolver. O game acompanha Louis Mouras de Richet, membro da Ordem Dourada, uma sociedade secreta que investiga o oculto e artefatos arqueológicos.
A trama se passa em 1793: a França está em polvorosa, o Terror reina e o rei está prestes a ser decapitado. Em meio a tudo isso, Louis é chamado à ilha particular de um nobre riquíssimo e excêntrico chamado Mortimer.
Ele ele descobre que foi chamado para tomar parte em um conselho com líderes mundiais para ajudar a decidir o destino do mundo, mas o real motivo para o seu envolvimento é tentar encontrar sua mãe, que foi à ilha e desapareceu.
O que se segue são muitas figuras históricas, conspirações, traições, algumas mortes e muito, muito mistério. Neste fronte, o que o jogo faz e melhor é apresentar personagens interessantes e verdadeiramente dúbios que, tudo indica, permanecerão assim até o final do jogo.
A outra parte interessante é como ele brinca sutilmente com o que é real e o que não é.: muito fica como uma questão de ponto de vista e há indícios de que algo sobrenatural possa estar atuando no conselho, mas, até agora, nada pôde ser corroborado.
Essa união entre suspense, investigação e o sobrenatural é perfeita e ainda pode muito ser explorada nos dois capítulos finais.
Enquanto o primeiro capítulo focou-se em diálogos e o segundo em quebra-cabeças, o terceiro parece ter buscado um equilíbrio entre os dois, com conversas que precisam de muitas habilidade e decisão dos jogadores assim como quebra-cabeças muito desafiadores.
No terceiro, porém, a história se tornou um pouco mais linear conforme a trama, baseada nas suas decisões nos capítulos anteriores, começam a sinalizar para um desfecho em breve.
O ruim
Por mais que se esforce, o terceiro capítulo já cai em alguns clichês e dilemas manjados que pareciam óbvios desde o início (a questão das irmãs, por exemplo).
Outro problema, como de costume, são bugs. Embora os capítulos anteriores estejam consertados, o terceiro foi lançado com alguns problemas, como bocas que não se mexem durante diálogos e olhos arregalados e congelados. Felizmente, são apenas bugs visuais que devem ser consertados em breve.
Além disso, a história parece perder várias oportunidades de se tornar mais interessante e, especialmente, mais investigativa, podendo se aprofundar em seus temas conforme o jogo se aproxima do final.
Claro, isso é algo que pode e provavelmente vai mudar nos capítulos finais, mas a sensação de que o gameplay não está sendo explorado ao máximo é forte.
O veredito
Em um mar de jogos de aventura que nem sequer tentam inovar o que se mantém presos há velhas formas, The Council investe no controle e na decisão do jogador assim como em elementos significativos de exploração e investigação.
Apesar de alguns problemas, o jogo até agora se provou inventivo e envolvente sem ter que limitar significativamente o espaço e o controle do jogador, abrindo as portas para novas e mais interessantes abordagens em jogos narrativos.