Vigie Aqui: plug-in destaca políticos com processos judiciais

Mensalão, Lava Jato, Vem pra Rua, impeachment: o cenário político brasileiro contemporâneo está mais agitado do que House of Cards e novos capítulos se desenrolam a cada dia. Junto com eles, vem muita desinformação e campanhas de difamação que só jogam lenha na fogueira dos ânimos inflamados de muita opinião e pouca informação.

Com a intenção de manter o cidadão à par dos acontecimentos, o instituto Reclame Aqui, que lida com empresas e com consumidores há 16 anos, desenvolveu uma extensão para navegadores que destaca, em roxo, todo político com problemas na Justiça. Se trata do Vigie Aqui.

É um plug-in para navegadores. Após instalado, o usuário continua navegando normalmente, mas sempre que ler um texto em que um político enrolado é citado, seu nome estará grifado. Além disso, basta passar o mouse sobre o nome para ter acesso a todas as informações processuais: quem é esta pessoa, do que é acusada, etc.

“Essa ideia surgiu da indignação com a situação do País. Procuramos o que o Reclame Aqui poderia fazer pelo cidadão que ele já faz pelo consumidor em relação a tudo o que está acontecendo”, conta Maurício Vargas, presidente do Reclame Aqui.

Segundo ele, uma grande motivação veio do fato de que se o usuário de internet tentasse descobrir mais informações judiciais sobre um político teria que garimpar fundo: “Todas as informações estão desconjuntadas. Você tem que entrar em vários tribunais, colocar o captcha e não sei o quê. É um trabalho homérico. Portanto decidimos fazer um plug-in que quando o usuário instala no navegador dele, qualquer senador, deputado, ministro e os cinco presidentes já aparecem marcados e já damos toda a ficha completa deles”, conta.

Maurício acredita que, tendo acesso facilitado às informações, isto possa alimentar o senso crítico do usuário para votar com mais consciência nas próximas eleições. Atualmente, o Vigie Aqui está ativo no Chrome e no Firefox e Maurício prevê que ele já deverá estar funcionando em todos os navegadores até o final do mês.

A ideia do Vigie Aqui surgiu em janeiro e já estava pronto em fevereiro. Um grande trabalho, porém, eram imputar dados: alimentar a extensão com toda a informação necessária e disponível sobre estes políticos investigados.

Para dar conta da demanda, o Reclame Aqui fez uma parceria com a PUC-PR, de Curitiba. “São 5 mil alunos de Direito e de outras áreas que fazem seu estágio obrigatório de 90 horas com a gente. Eles nos ajudam a coletar esses dados e a colocar no sistema. É uma coisa muito comunitária entre o Reclame Aqui e as faculdades”, conta.

E o Vigie Aqui já está decolando – fora do Brasil: “A nossa maior dificuldade é conseguir divulgação dentro do Brasil”, conta Maurício, “Já dei entrevista pro Financial Times, pro The Guardian e pra CNN en español”. Segundo ele, embora vários veículos brasileiros tenham entrado em contato, como o Mais Goiás, os maiores conglomerados de mídia do País, não: “Parece até que têm o rabo preso (risos)”, ironiza.

Além disso, outros governos e instituições já teriam entrado em contato, interessados no plug-in: “O governo dos EUA quer o plug-in, a Transparência Internacional do México já entrou em contato com a gente, a Hungria quer o plug-in, professores das universidades japonesas querem estudar a extensão e implantá-la no Japão. Já aqui no Brasil, a gente tá no boca-a-boca”.

Até agora, são 16 mil downloads, mas Maurício conta que vai começar uma campanha dentro do Reclame Aqui pra conquistar os seus 15 milhões de usuários cadastrados e expandir o Vigie Aqui pelo Brasil. A expectativa é chegar às eleições de 2018 com pelo menos 2 milhões de downloads.

Para os celulares, ele contou que já começou a desenvolver um aplicativo, porque a extensão não funciona da mesma forma nas versões móveis dos navegadores: “No Chrome do celular não funciona, mas funciona no Firefox”, exemplifica. Daí a ideia de fazer um aplicativo: “Toda vez que a pessoa ler alguma coisa, vai aparecer um pop-up em que vai aparecer as informações. Você está lendo sobre o Temer e no nome dele tem isso, isso e isso”.

Segundo ele, ainda não há uma data certa de previsão, mas que a produção do aplicativo deve ser acelerada, pois está em desenvolvimento com programadores da Índia: “Todas estas parcerias de graça”, conta, destacando o espírito comunitário do projeto.